quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

o espelho


Todos os dias a velha passa sem saber que passa.
O que pesa mais na velha não são os pés, mas as rugas que parecem saltar do rosto.
O olhar pequeno, a pele que obedece as linhas da vida. Linha vertical, caída.
A vela quer morrer, sempre quis, mas a vida insiste.
E essa velha não troca de roupa e vive no marrom. Na testa, linhas mil, deve ser porque pensa, pensa tanto que vai parindo marcas.

A velha sorri, um sorriso falso. Hoje a velha não quer falar, a boca já enrugou. Eeee, velha, pra que tanta dor, se os teus olhos ainda vibram como antes?

natália goulart, 18 de julho de 2013. 

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